Na Idade Média, principalmente na época da cavalaria, os escudos passaram a simbolizar famílias, dinastias, territórios e feudos, tanto na guerra como na paz. Mais tarde, as propriedades, palácios e objetos de família passaram a ostentar os brasões de seus senhores, como símbolo de poder, de nobreza, ou como mero distintivo, símbolo de identidade. Com essa última função passaram, os brasões, a distinguir ordens religiosas, bispados, cidades e instituições, como as Universidades.
O distintivo da USP tem um lema agonístico: “SCIENTIA VINCES”, criado num período pós-derrota militar do Estado de São Paulo, quando se criou a USP como instrumento de formar elites capazes de, um dia, desenvolver e governar o país. O da nossa Escola, criado num período pós-ditadura quando se tentava reorganizar a vida da cidadania, é mais construtivo: “SCIENTIA TERMINUM AMOVERE”.
O nosso brasão traz, no peito de uma águia a palavra UNIVERSIDADE, tradução de “UNIVERSITAS” que significa, como sabemos, totalidade ou universalidade. Mas totalidade é um termo vago. Por isso, “UNIVERSITAS” desde a Idade Média, é indissociável de outro termo: “STUDIORUM”, que tem várias acepções: De fato, “estudos” pode ser entendido como áreas, especialidades ou ramos do saber, como há os estudos jurídicos ou matemáticos; pode-se entender os “estudos” ou “estudios”, isto é, gabinete ou laboratórios de trabalhos, tais como o estudio do astronomo ou o do herborista (no Brasil a palavra ficou restrita a algumas artes: temos estúdios de fotografia, de cinema, de dança).
Mas “UNIVERSITAS STUDIORUM” não é a universalidade das áreas do saber e nem a totalidade dos estúdios. É que “STUDIUM” tem ainda um outro sentido, mais genuino. Significa paixão, gosto, interesse, esforço, procura. “UNIVERSITAS STUDIORUM” significa, portanto, a totalidade dos interesses, do saber ou de saber.
O “saber prático”, o “saber técnico”, era aprendido no convívio com os artesãos, com os mestres de obras, de artes e ofícios. Aprendia-se fazendo e vendo fazer, independentemente de qualquer formação teórica, doutrinária. Os interesses do saber intelectual, os interesses de compreender ( mais que os de fazer) congregaram-se na “UNIVERSITAS STUDIORUM”. Ali se discutiam e se criavam as explicações, as teorias, as doutrinas, “doctrinae”, sob a guia do saber.
Para simbolizar o alcance de horizontes ilimitados, a visão elevada e a liberdade de direções, nada melhor do que uma águia em pleno vôo. A águia sustenta, com suas garras, a espada da ousadia, símbolo também de São Paulo, expressando sua filiação à Universidade de São Paulo, e o bastão com a serpente de Esculápio, símbolo secular da arte médica.
Mas o lema ou dístico do brasão desta casa, tem significado transcendente: “SCIENTIA TERMINUM AMOVERE”. Pelo conhecimento, dilatar o limite, expandir a fronteira. É uma clara profissão de fé no conhecimento como instrumento para libertar o homem de suas limitações e ampliar suas possibilidades de felicidade na Terra. Mas a frase latina, permite rigorosamente, outra leitura, de genuíno significado médico: “Pela ciência, afastar o fim, o término”. Uma profissão de fé na vitória da ciência (médica) na luta contra a morte, a finitude humana.
Bandeiras são símbolos de grande importância na representação de nações, estados, cidades ou instituições. Ao completar 60 anos de atividades, a FMRP-USP decidiu criar uma bandeira que a pudesse representar em datas comemorativas ou eventos institucionais.
Na sua proposta obedeceu-se à concepção de nela incluir o tradicional brasão da Unidade, tal como ocorre, por exemplo, em Universidades seculares. Nesse brasão, a águia é a expressão de força, agilidade, elegância, capacidade de voo e visão aguçada. A espada lembra o brasão do Estado de São Paulo e exprime nossa filiação à Universidade de São Paulo; o bastão com a serpente de Esculápio é considerado um emblema da medicina. O brasão traz ainda o lema: “SCIENTIA TERMINUM AMOVERE”, ou seja, com base no conhecimento, expandir limites e fronteiras. É uma manifestação de crença no conhecimento como instrumento para reduzir as limitações humanas e, de algum modo, na vitória da ciência médica na luta contra as doenças.
A bandeira da FMRP-USP, do Brasil e do Estado de São Paulo são hasteadas em frente ao Prédio Central da FMRP-USP em situações de luto ou festividades.