Departamento de Farmacologia

Prof. Maurício Rocha e Silva

Os primeiros trabalhos de destaque publicados após a instalação do Departamento de Farmacologia em março de 1955, pelo Prof. Gerhard Werner incluíram aqueles que esclareceram o mecanismo da potenciação, causada pelos antibióticos aminoglicosídeos (AAG), do bloqueio neuromuscular induzido pelos “curares” para fins cirúrgicos. Foi demonstrado que o íon cálcio antagonizava especificamente esses efeitos colaterais dos AAG, o que reforçou o perigo da eventual ocorrência de paradas respiratórias no pós-operatório imediato de pacientes tratados profilaticamente com tais antibióticos pela via peritoneal. Essa contribuição resultou do trabalho conjunto dos Profs. Alexandre Pinto Corrado, Armando Octávio Ramos e Cláudio Tácito Escobar, esse último professor das Áreas Aplicadas, e constituiu-se em um dos primeiros estudos integrados entre as áreas básicas e clínicas da FMRP.

A descoberta do fator potencializador da bradicinina (BPF)

Um marco determinante na história do Departamento foi a vinda para esta Faculdade, em 1957, do Prof. Maurício Rocha e Silva. Além de suas reconhecidas qualidades intelectuais de cientista emérito, o Prof. Maurício ocupa posição de destaque como a maior expressão da farmacologia brasileira de todos os tempos, responsável, nas décadas de 40 e 50, pela descoberta da bradicinina. Durante mais de duas décadas, exerceu sua liderança no Departamento. Nesse período, suas pesquisas ampliaram de forma significativa os conhecimentos sobre a farmacologia e a fisiopatologia da bradicinina, identificando diversos possíveis papeis fisiológicos dessa substância e sugerindo, até mesmo, a existência de um sistema bradicininérgico.

O experimento que deu certo. Profs. Sérgio H. Ferreira, Alexandre P. Corrado e Adolfo M. Rothschild

Uma importante descoberta dentro da linha da pesquisa dos efeitos biológicos da bradicinina foi realizada, em 1964, pelo Prof. Sérgio H. Ferreira. Ele verificou a existência, no veneno da serpente Bothrops jararaca, de fatores peptídicos que potencializavam os efeitos da bradicinina por inibirem a enzima cininase II. Com a verificação posterior que a cininase II e a enzima conversora de angiotensina (ECA) eram a mesma enzima, foi sintetizado um peptídeo inibidor destas enzimas com efeito hipotensor. A partir dele, foi desenvolvido um inibidor não-peptidérgico, ativo por via oral, denominado captopril. Este fármaco é o protótipo da classe dos inibidores da ECA, grupo farmacológico dos mais empregados no tratamento de transtornos cardiovasculares.

Outro marco histórico do Departamento foi a descoberta, pelo Prof. Frederico G. Graeff durante seu pós-doutorado na Universidade de Harvard, em 1970, do efeito ansiolítico de antagonistas da serotonina. Seus trabalhos posteriores confirmaram e estenderam essa descoberta inicial, permitindo que elaborasse importante proposta teórica sobre o envolvimento daquele neurotransmissor na ansiedade.

Essas e outras contribuições científicas de significância se tornaram exemplos para as futuras gerações de farmacologistas. Inspirados por eles, os novos componentes do Departamento têm logrado mantê-lo como referência Nacional e Internacional na área de Farmacologia.