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Uso de células CAR-T programadas para “reconhecer” Cryptococcus spp. foi eficiente no controle da propagação in vitro e em camundongos (criptococose pulmonar; imagem: Wikimedia Commons)

Terapia inovadora para o tratamento de câncer é promissora no controle de infecção fúngica

Por: Luciana Constantino da Agência FAPESP

Uma terapia celular inovadora, que vem sendo utilizada para tratamento de câncer, mostrou-se promissora no controle de infecções causadas por fungos. Estudo publicado na revista científica Cytotherapy apontou que o uso de células CAR-T (sigla em inglês para receptor de antígeno quimérico) programadas para “reconhecer” fungos Cryptococcus spp. foi eficiente no controle da propagação desses microrganismos in vitro e em camundongos.

Cryptococcus gattii e Cryptococcus neoformans – presentes em solo com matéria orgânica morta e encontrados em locais contaminados com fezes de pássaros, principalmente pombos – provocam micose sistêmica no organismo humano. Podem afetar o pulmão e o sistema nervoso central. Por isso, os sintomas variam de acordo com o local em que se alojaram, podendo provocar desde uma infecção pulmonar até uma meningite ou meningoencefalite. A transmissão ocorre por meio da inalação dos fungos. Dependendo da gravidade, leva à morte.

A cada ano, cerca de 1 milhão de casos de infecção por Cryptococcus são registrados em todo o mundo, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). A taxa de mortalidade varia entre 20% e 70%. Ainda segundo a agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, são notificados 220 mil casos de meningite criptocócica anualmente, afetando principalmente pacientes com Aids, doença causada pelo HIV.

Para escapar do sistema de defesa do hospedeiro, o Cryptococcus se reveste de uma cápsula à base de carboidratos (polissacarídeos), composta majoritariamente de glucuronoxilomanana (GXM), considerada o principal fator de virulência do fungo. No organismo humano, as células de defesa T CD4+ e T CD8+ têm dificuldade de reconhecer o Cryptococcus e de combater sua proliferação.

No estudo Glucuronoxylomannan in the Cryptococcus species capsule as a target for Chimeric Antigen Receptor T-cell therapy, cujo primeiro autor é o pesquisador brasileiro Thiago Aparecido da Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), o grupo desenhou um CAR direcionado à GXM, com o objetivo de fazer com que as células reconhecessem diretamente o fungo e atuassem para conter seu crescimento.

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