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Doutorando da FMRP ganha Prêmio Hélio Gelli Pereira com estudo sobre vírus causador de bronquiolite e pneumonia em crianças

O vírus sincicial respiratório (VSR) é muito comum entre as crianças e, na maioria dos casos, se manifesta com sintomas bem parecidos com os do resfriado comum, mas pode evoluir para uma infecção respiratória e levar a pneumonia e a bronquiolite, inflamação dos brônquios nos pequenos tubos respiratórios dos pulmões.

Entender o mecanismo de funcionamento desse vírus é fundamental, uma vez que aproximadamente 200 mil crianças morrem anualmente pelas consequências da infecção pelo vírus. Os resultados da pesquisa de doutorado Ricardo de Souza Cardoso da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostram os mecanismos de organização do VSR para conseguir infectar a célula e abre caminhos para a busca por tratamentos mais eficazes para essas complicações respiratórias.

Afinal, diz o pesquisador, já se sabe que as proteínas virais precisam se organizar em um local comum (sítio viral) para construir uma nova cópia de si. Quando o vírus infecta a célula resta apenas o seu genoma, que contém as informações genéticas, para que ele consiga produzir mais proteína virais e replicar seu genoma. As proteínas se organizam em sítios virais e conseguem criar novas cópias do vírus”, conta o Cardoso.

O estudo revelou que o complexo de Golgi, estrutura responsável pelo processo de secreção de substâncias na organela celular, pode ter uma participação importante no tráfego das proteínas virais não glicosiladas do VSR. “O entendimento do fluxo das proteínas virais dentro das células é essencial para que novos estudos apontem formas de combater o vírus.”

Além disso, o trabalho aponta a importância do retrômero, que é uma maquinaria da célula, na multiplicação do vírus. “Durante o tráfego das proteínas de nossas células, é comum que algumas delas alcancem locais que não são adequados para suas funções, dessa forma, essa maquinaria, o retromero atua devolvendo proteínas que foram parar no endossomo celuar de volta para o Golgi, que é o seu local de origem, ou onde elas irão exercer suas funções. ”

Nesse estudo, os pesquisadores silenciaram proteínas que compõe o retrômero, dessa forma a célula deixou de expressar essas proteínas e a atividade do retromero celular ficou comprometida. Interessantemente, quando o retrômero celular foi perturbado, houveram repercussões negativas na capacidade do VSR produzir proteínas virais necessárias para produzir novas cópias do VSR. “Pelo ponto de vista do vírus, isso é um fator negativo, porque o vírus quer se propagar. São achados relevantes na construção do entendimento do funcionamento deste vírus para conseguirmos pensar em estratégias de combate”, afirma.

Entre as metodologias utilizadas está a imunofluorescência associada às microscopias confocal e super resolução como técnicas para permitir a localização das proteínas virais e celulares; microscopia eletrônica; silenciamento gênico; além de ensaios de virologia clássica, como formação de placas virais para quantificação de partícula viral.

Com o estudo Host Retromer Protein Sorting Nexin 2 Interacts with Human Respiratory Syncytial Virus Structural Proteins and is Required for Efficient Viral Production, Ricardo foi vencedor do Prêmio Hélio Gelli Pereira na categoria Pós-Graduação. A premiação da Sociedade Brasileira de Virologia ocorreu na trigésima primeira edição do Congresso Brasileiro de Virologia e décimo quinto Encontro de Virologia do Mercosul no final de novembro.

“É muito impactante positivamente na minha carreira, pois pode ser uma abertura de portas para a vida acadêmica”, afirma Ricardo. O trabalho contou ainda com o professor Eurico de Arruda Neto e com os pesquisadores do Departamento de Biologia Celular e Molecular Bioagentes Patogênicos; do Departamento de Bioquímica, ambos da FMRP; e do Instituto de Ciências Médicas da USP; e da Universidade de Michigan.