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2021 será mesmo melhor? Mensagem da Diretoria para a comunidade FMRP

A sabedoria da natureza é expressa pelas modificações cíclicas sazonais, que foram ordenadas pela aplicação do calendário gregoriano. A par de “sincronizar” os fenômenos naturais, termos um calendário nos fornece uma ótima oportunidade de rever o ano passado e pensar no ano futuro, sempre com o objetivo de melhorar nossas vidas. Há motivos para festejar a chegada de 2021? Claro que sim, e não pensem ser essa apenas uma afirmação alienada. A maior comemoração é estarmos vivos neste fim de ano. Mas, precisamos mais? Sim!!!

O que queremos é que daqui a um ano continuemos vivos e possamos novamente comemorar esse fato. Mas poderemos dizer que tivemos um ano melhor do que 2020, e almejarmos um 2022 mais otimista? Para que isso aconteça, precisaremos continuar agindo, ao longo deste ano, ativos, engajados em projetos que possam fazer diferença em núcleos e espaços de nossa sociedade.

Temos uma missão relevante. Somos uma escola técnica altamente qualificada, com excelente produção científica, formação de recursos humanos e atividades de extensão com forte impacto para quem paga nossos salários, o contribuinte do Estado de São Paulo. Nossos alunos custam um valor monetário considerável para o contribuinte. Essa é uma fórmula de sucesso, ensino gratuito aos alunos e pagos pela sociedade com autonomia financeira da comunidade científica. Teremos um ano melhor se essa missão for cumprida, com reversão de benefícios para a sociedade.

Especialistas apontam que o combate à pobreza e à desigualdade, as reformas estruturais e a questão ambiental estão entre os principais problemas a serem enfrentados este ano. E o que uma escola médica tem a ver com isso? Tudo! Não adianta formarmos bons técnicos ou produzirmos excelente pesquisa se continuarmos a viver em uma sociedade tão desigual, que “se naturalizou” entre nós e acabamos, no dia a dia, por, implicitamente, aceitá-la. Mas é enganoso crer que basta a economia crescer para as “questões sociais” se resolverem, se não houver olhar ativo sobre isso. Não adianta nos alienarmos dentro de nossos muros. Precisamos estar atentos a decisões políticas que impactam nossa atuação. Nos últimos dois anos, por exemplo, tivemos quatro ministros diferentes à frente do MEC e três no Ministério da Saúde, que ficou ainda mais de três meses sem ministro efetivo, em plena pandemia. Estes ministérios ditam a nossa atividade no dia a dia. Tivemos em 2020 momentos tristes de má condução de políticas de saúde e educação, vivemos grandes ameaças ao CNPq, à FAPESP e à autonomia das Universidades paulistas. A ciência foi negada em toda a sua plenitude por setores da sociedade, mas felizmente foi ela quem ajudou e está ajudando a clarear o horizonte sombrio à nossa frente. Parte da sociedade reconhece essa importância e nossos jovens reconheceram serem as áreas de saúde relevantes, refletido por um aumento de 20% na procura de vestibulandos por essas áreas. Poderemos ter 2021 melhor se a autonomia financeira e de pensamento se mantiverem em nossas instituições técnicas e científicas, como FAPESP, FIOCRUZ, FINEP, Butantan, Adolfo Lutz, ANVISA, Universidades Públicas e outros similares. Todos são propriedade da sociedade, e devem seguir políticas de Estado e não de governo. Os governantes eleitos têm a função de executar a política da sociedade, para a sociedade, sob o risco de serem substituídos caso não consigam enxergar a vontade e a real necessidade de todos, abrindo caminho para que a sociedade exerça sua soberania e escolha seus caminhos. Teremos um ano melhor se nossa democracia funcionar. Defender estes valores muitas vezes é rotulado como política (e, conforme a conveniência rotulada de política partidária, quer seja de direita ou de esquerda). Tal atitude nada mais é do que tentativa de descaracterizar o argumento básico de que a sociedade tem seus valores, e os governantes são eleitos para exercê-los com ética, integridade e firmeza de propósito, em prol do bem maior. Tanto os governantes quanto nós, da Universidade Pública, somos funcionários da sociedade e precisamos prestar contas a ela, independente de posição política, mas atentos às políticas públicas.

Teremos um ano melhor se chegarmos em dezembro sem vivenciarmos situações de violência interpessoal no nosso ambiente, se respeitarmos o contraditório e com ele crescermos juntos. Certamente será melhor se todos os nossos alunos, atuais e ingressantes, terminarem o ano vivos, sem terem se expostos a situações perigosas como alcoolismo e direção irresponsável, e se durante sua vida acadêmica preocuparem-se com situações sociais e engajarem-se em atividades extracurriculares que contemplem interesses coletivos.

Teremos um ano melhor se não vivenciarmos situações de desrespeito e valorizarmos a equidade de gênero, de raça, deficiência física e social em nossa comunidade. E o ano será ainda melhor se, após a formatura, nossos alunos tornarem-se verdadeiros cidadãos em seus locais de atuação, cientes de que nenhuma nação crescerá se não se atentar a cuidar do seu ambiente, com preocupações de sustentabilidade ambiental e de justiça social.

Cabe a cada um de nós tornar o novo ano motivo de orgulho, com atuação ativa e constante, para podermos comemorar daqui a um ano não só o fato de estarmos vivos, mas de vivermos em um mundo melhor, onde cada um de nós fez o que lhe cabia e o que era possível, com mais respeito às leis e às pessoas.

Vamos todos comemorar o ano que se inicia, bem-vindo 2021!!

Diretoria FMRP