Voltado a professores com formação prévia, novo módulo estimula o desenvolvimento de projetos que qualificam a docência e impactam diretamente o aprendizado dos alunos
Com base em uma demanda crescente de docentes interessados em qualificar ainda mais sua atuação pedagógica, o Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino (CDDE), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, lança o Módulo Avançado em Educação para Profissionais da Saúde. A proposta é aprofundar a formação de professores da área da saúde por meio do desenvolvimento de projetos de intervenção educacional, com acompanhamento contínuo e troca entre pares. O impacto esperado vai além da qualificação docente individual, alcançando também melhorias reais no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes.
O novo módulo surge como um desdobramento natural da trajetória de formação docente conduzida pelo CDDE. Segundo o professor Marcos de Carvalho Borges do Departamento de Clínica Médica da FMRP e responsável pelo Módulo Avançado, um número expressivo de participantes do Módulo Básico demonstrou interesse em realizar um curso mais avançado.
A partir dessa observação, o CDDE estruturou uma nova proposta formativa, centrada na aplicação prática de intervenções pedagógicas com base em fundamentos teóricos e metodológicos. Segundo Borges, “os temas são discutidos com mais profundidade e têm como eixo central o desenvolvimento de uma intervenção em educação nas profissões da saúde”.
A principal diferença do módulo avançado está no uso do ensino baseado em projetos. Os participantes desenvolvem uma proposta de intervenção real, voltada para a sua área de atuação. Durante o percurso, aprendem a investigar a própria prática, aplicar métodos pedagógicos e refletir coletivamente com colegas que compartilham os mesmos desafios.
“Diversos temas são discutidos ao longo do processo, permitindo que os professores aprendam estratégias e métodos de forma mais aplicada, inseridos em um contexto prático”, explica o professor. Além disso, “os professores também aprendem e contribuem com os projetos dos colegas, fortalecendo uma comunidade de práticas”.
As propostas podem abranger temas como avaliação de estudantes, desenvolvimento profissional, liderança docente, ou metodologias de ensino e aprendizagem. “Certamente, o desenvolvimento desses projetos pode contribuir significativamente para a melhoria da prática docente”, afirma Borges.
Impacto direto no aprendizado dos estudantes
Um dos princípios do módulo é a compreensão de que a qualificação docente não é um fim em si mesma. Ao promover mudanças na forma como se ensina e se avalia, os projetos têm potencial de repercutir na experiência dos alunos.
“Tanto o desenvolvimento das propostas de intervenção quanto a qualificação dos participantes poderão gerar um impacto direto nos alunos”, afirma Borges. Isso pode ocorrer, por exemplo, pela criação de novas disciplinas, pelo aprimoramento das avaliações ou pela adoção de estratégias de ensino mais adequadas ao perfil dos estudantes.
Com turmas pequenas e encontros presenciais ao longo de um ano, o módulo permite uma aproximação real entre os participantes e os facilitadores. Cada docente é acompanhado por um mentor, responsável por apoiar o desenvolvimento do projeto desde sua concepção até a etapa de avaliação.
“Todos têm a oportunidade de apresentar seus projetos várias vezes, o que nos permite acompanhar tanto o desenvolvimento das propostas quanto o crescimento dos próprios participantes”, afirma o professor. Para garantir a participação ativa, o curso propõe atividades estruturadas que favorecem a escuta e o diálogo.
As propostas de intervenção podem surgir tanto de experiências individuais quanto de demandas institucionais, o que reforça o vínculo entre a formação dos docentes e as necessidades mais amplas da instituição. “Nesse sentido, os resultados do módulo avançado podem estar integrados às prioridades da instituição”, ressalta Borges.
Segundo o professor, o módulo também estimula o desenvolvimento de habilidades de investigação sobre o ensino, o que pode contribuir para a produção científica na área da educação em saúde.
Texto: Eduardo Nazaré
Dr. Fisiologia – Assessoria de Comunicação da FMRP-USP