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Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto é o primeiro latino-americano a receber prêmio internacional na área de esquizofrenia

Felipe Villela Gomes é nomeado o Rising Star Awardee de 2025

O professor Felipe Villela Gomes, do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, foi o primeiro pesquisador latino-americano a receber o Rising Star Award, concedido pela Schizophrenia International Research Society (SIRS). O reconhecimento foi anunciado este mês e destaca jovens cientistas com até 40 anos que contribuem para os estudos sobre esquizofrenia.

O prêmio concedido pela SIRS é um dos mais importantes da área. Segundo o professor, ele marca uma conquista de todo o grupo de pesquisa e amplia o alcance do trabalho realizado no Brasil, fortalecendo parcerias internacionais. “Sou o primeiro cientista fora do eixo América do Norte-Europa a receber este prêmio, o que reforça que estamos no caminho certo e que a ciência de qualidade pode e deve ser produzida em diferentes partes do mundo”, afirma.

Além de aprofundar o conhecimento sobre a esquizofrenia, a meta do grupo é contribuir com o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento da doença. “Esperamos que nossos estudos ajudem a identificar marcadores para a vulnerabilidade à doença e informem estratégias para mitigar fatores de risco, com o objetivo de prevenir o seu desenvolvimento e fazer uma diferença significativa na vida de indivíduos em risco”, ressalta.

Linha de pesquisa

O professor iniciou essa linha de investigação durante seu pós-doutorado na University of Pittsburgh, nos Estados Unidos, sob a supervisão do professor Anthony Grace, referência internacional no campo. De volta ao Brasil, ampliou os estudos com a colaboração de mestrandos e doutorandos, consolidando um grupo de pesquisa na FMRP.

O trabalho do professor Gomes se destaca por investigar como o estresse durante a adolescência pode aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, especialmente a esquizofrenia. A pesquisa tem como base modelos animais para buscar entender, em detalhes, como o estresse afeta o funcionamento do cérebro.

A esquizofrenia é um transtorno mental grave, que afeta a percepção da realidade, causando sintomas como delírios, alucinações e alterações de comportamento. Por muitos anos, segundo o professor, a explicação científica para a doença esteve concentrada em alterações no sistema de dopamina — substância que atua na comunicação entre neurônios. No entanto, estudos mais recentes mostram que o problema pode ter origem em regiões cerebrais que regulam esse sistema, como o hipocampo e o córtex pré-frontal.

Gomes e seu grupo demonstraram que o estresse crônico na adolescência pode interferir na atividade de células específicas do hipocampo, conhecidas como interneurônios GABAérgicos. Quando essas células deixam de funcionar corretamente, ocorre um desequilíbrio no cérebro que pode levar à desregulação da dopamina — mecanismo que também está presente em pessoas com esquizofrenia. “Essas alterações parecem envolver uma desregulação no balanço redox e na estrutura de uma matriz extracelular especializada, as redes perineuronais, que circulam os interneurônios parvalbumina-positivos”, explica o professor.

Para jovens pesquisadores brasileiros, Gomes afirma que “é possível fazer ciência de qualidade no Brasil mesmo sem o acesso imediato às metodologias mais modernas ou com limitações de recursos”.


Texto: Eduardo Nazaré

Dr. Fisiologia – Assessoria de Comunicação da FMRP-USP