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Cely Carolyne Pontes Morcerf, João Mazzoncini de Azevedo Marques e Jorge Elias Júnior - Foto: assessoria de comunicação FMRP

Medicina de Família e Comunidade ganha prêmio de Gestão para médicos

Reconhecimento vem da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP e destaca a importância da formação de gestores na área da saúde

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP receberam, durante o Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente (Engema), o prêmio de melhor relato de prática de gestão através da pesquisa Formação de médicos gestores em medicina de família e comunidade: uma proposta de investimento e compromisso socioambiental, com autoria dos pesquisadores Cely Carolyne Pontes Morcerf, Lucas Silva de Amorim e o professor João Mazzoncini de Azevedo Marques, todos do Departamento de Medicina Social da FMRP.

O trabalho surgiu como uma resposta à fragmentação e à forma como a assistência à saúde é oferecida em algumas localidades. A pesquisa propõe inserir o paciente no centro do cuidado, valorizando também as relações familiares e o impacto da comunidade. Apesar dessa abordagem inovadora, os pesquisadores apontam que a formação na especialidade de Medicina de Família e Comunidade (MFC), que inclui competências em saúde coletiva, gestão populacional e administração de unidades de saúde, ainda enfrenta desafios devido à limitação da residência a apenas dois anos.

A pesquisa avalia ainda que, devido à demanda crescente por médicos que sejam também gestores qualificados e alinhados com ideias como sustentabilidade e Saúde Planetária, é urgente criar programas que ensinem a usar recursos de forma mais eficiente e lidar com resíduos de maneira racional. Por meio da formação de médicos gestores, o trabalho visa transformar a cultura organizacional na saúde pública, enfrentando desafios contemporâneos como o aumento de pessoas com múltiplas doenças e os impactos das mudanças climáticas no bem-estar da população mundial.

Para o diretor da FMRP, Jorge Elias Júnior, o programa de Saúde da Família, apesar de consolidado, ainda necessita de avanços para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). “A premiação aos pesquisadores é um indicador de que o trabalho realizado pela Faculdade de Medicina está tornando mais efetivo e direcionado o objetivo de ter melhores gestores nos diversos pontos do sistema de saúde”, afirmou.

Importância para a sociedade

O orientador da pesquisa premiada e docente do Departamento de Medicina Social, João Mazzoncini de Azevedo Marques, destacou que “o médico tem papel fundamental na organização da coordenação do cuidado”. Ele explicou que essa função é especialmente importante para pacientes com múltiplas doenças, os maiores consumidores de serviços de saúde. Segundo Marques, os médicos de família e comunidade precisam ter habilidades que vão além do atendimento direto, englobando também a gestão integrada da rede de saúde.

“Isso significa que é necessário ter um cuidado com a participação das pessoas nas definições do que elas querem e como vão atingir os seus objetivos de saúde, desde o atendimento direto com qualquer profissional de saúde, inclusive com o médico, até como os diferentes serviços vão se articular para fazer isso de uma maneira adequada, resolutiva e custo-efetiva”, conclui Marques.

O professor Fernando Bellíssimo Rodrigues, chefe do Departamento de Medicina Social da FMRP, reforça que a formação de gestores em MFC é uma estratégia indispensável para o fortalecimento do SUS. “Estamos formando aqui pessoas que, em funções e cargos adequados junto ao poder público em nível municipal, estadual e federal, poderão ampliar a cobertura da Estratégia de Saúde da Família e aumentar a qualidade e eficiência dos serviços prestados”, pontuou.

Bellíssimo Rodrigues também destacou o papel central da sustentabilidade na evolução da MFC. “O futuro da MFC, a meu ver, passa pela incorporação das questões de sustentabilidade no seu dia a dia. Nascemos junto ao ‘social’ e agora estamos expandindo para o ‘ambiental’, porque essas dimensões estão cada vez mais inter-relacionadas e interdependentes. Não é mais possível promover a saúde humana sem levar em consideração o ambiente onde vivem as pessoas.”

A pesquisadora Cely Carolyne Pontes Morcerf acrescenta que o trabalho também se baseia nos estudos de Pedreira de Freitas, figura central na fundação do Departamento de Medicina Social. “Mapeando o processo decisório e o perfil gestor do Pedreira de Freitas, conseguiremos reproduzir uma fórmula do perfil gestor, melhorando a qualidade e direcionando-a para as novas necessidades em saúde do Brasil, como a multiformidade do envelhecimento populacional.”

Evento

O Engema é um evento acadêmico realizado anualmente pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP para propiciar o intercâmbio e a discussão da produção científico-tecnológica desenvolvida na temática da Gestão da Sustentabilidade Ecológica e Socioeconômica, envolvendo contribuições do Brasil e do exterior. O tema central deste ano foi A crise mundial global e a vocação brasileira para a sustentabilidade, reforçando a conexão do trabalho premiado com questões emergentes na saúde pública.

Certificado Premiacao FEA USP ENGEMA