O resultado foi divulgado durante Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica
O Projeto “Investigação e avaliação de marcadores moleculares para reposicionamento de drogas no desenvolvimento de terapia de precisão em meduloblastoma pediátrico”, desenvolvido pelo pesquisador Victor Wendel Da Silva Gonçalves e orientado pelo docente Elvis Terci Valera, ambos do Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, foi contemplado com o FIP-SBOC 2024 na categoria de R$ 50 mil. O resultado foi divulgado durante o XXV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, no Rio de Janeiro.
O financiamento pertence à Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), que visa impulsionar a pesquisa em oncologia no Brasil, e para isso criou, em 2023, o Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP), buscando apoiar o desenvolvimento de estudos e projetos de pesquisa a serem iniciados ou em andamento, no campo da oncologia. O foco da iniciativa está em tecnologias inovadoras que promovam um avanço no cuidado aos pacientes oncológicos.
Gonçalves explica que a pesquisa foi desenvolvida olhando para o Meduloblastoma, tumor raro que afeta predominantemente pacientes pediátricos, principalmente nos grupos etários de 1 a 4 e 5 a 9 anos. O tumor pode ser classificado histologicamente e molecularmente em grupos heterogêneos, cada um com características clínicas e biológicas distintas. Algumas destas variações do tumor estão relacionadas a maior agressividade e pior prognóstico.
Segundo o pesquisador, o objetivo principal do projeto foi desenvolver novas estratégias para avaliar biomarcadores moleculares — características específicas que funcionam como ‘impressões digitais’ do subtipo específico do tumor —, o que permite identificar aspectos importantes que influenciam o comportamento da doença.
“O processo de desenvolvimento do projeto incluiu várias etapas, desde a revisão da literatura e identificação de lacunas no conhecimento, até a definição, desenho experimental e decisões sobre a metodologia utilizadas. Acredito que o processo foi muito enriquecedor e que guarda ensinamentos e conhecimentos que vou levar para a vida”, afirma Gonçalves.
Gonçalves explica que a pesquisa foi baseada na medicina de precisão, abordagem que considera as características moleculares de cada subtipo de tumor para desenvolver terapias personalizadas a fim de maximizar a eficácia do tratamento e minimizar efeitos colaterais indesejados.
O pesquisador específica que neste primeiro momento, o projeto se desenvolveu na validação de genes marcadores de prognóstico, como potenciais alvos terapêuticos. Também foi realizada a avaliação da eficácia de medicamentos direcionados a estes alvos para auxiliar na efetividade do tratamento e a melhora na qualidade de vida dos pacientes que enfrentam a doença e a terapia agressiva que a acompanha.
Importância social
Gonçalves entende que a pesquisa tem potencial de produzir um conhecimento, que com etapas posteriores de validação pode levar a um diagnóstico precoce, melhor avaliação dos riscos e desenvolvimento de terapias mais direcionadas, de modo que reduza os efeitos colaterais do tratamento atual.
Para o vencedor do prêmio FIP-SBOC 2024, contribuir para a ciência e a sociedade é um privilégio. O pesquisador salienta que o projeto foi resultado de muita troca de conhecimento, auxílio do professor Elvis Valera e colaboração dos membros do Grupo de Pesquisa em Oncologia Molecular.
“O sentimento ao saber da premiação foi indescritível, fiquei muito feliz em saber que o projeto está caminhando na direção certa e sobretudo está sendo reconhecido como algo com potencial científico para posteriormente contribuir com o cuidado aos pacientes”, finaliza.
Texto: Arthur Santos, estagiário sob supervisão Dr. Fisiologia
Assessoria de Comunicação da FMRP-USP
