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Fotos: arquivo pessoal

Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto é aceito na Macula Society

Reconhecimento internacional destaca contribuições do professor Rodrigo Jorge, quinto brasileiro a integrar a sociedade científica

O professor Rodrigo Jorge, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, foi aceito como membro da Macula Society, uma das mais exclusivas e seletivas organizações científicas do mundo na área de oftalmologia. Fundada em 1977, a sociedade é reconhecida por reunir especialistas que promovem avanços em pesquisas sobre doenças vasculares e maculares da retina. Além de Rodrigo Jorge, apenas outros quatro brasileiros fazem parte desse seleto grupo.

Segundo o professor, o processo de entrada é extremamente rigoroso e exige a publicação de artigos de grande impacto e uma carreira acadêmica consistente, com ênfase no ensino, na pesquisa e na extensão. “Essa combinação de fatores é essencial para integrar uma sociedade tão seletiva”, explica o professor, destacando o compromisso da Macula Society com a excelência acadêmica e científica.

A Macula Society foi criada com o objetivo de fomentar a troca de conhecimentos e o desenvolvimento de pesquisas avançadas em doenças da mácula e da retina. Desde sua fundação, a organização tem se consolidado como um dos principais espaços de colaboração internacional na área. O processo de adesão é realizado apenas uma vez ao ano, sendo considerado um dos mais exigentes.

Apesar de seu crescimento internacional, a sociedade se mantém intencionalmente pequena, promovendo um ambiente propício para a troca de experiências científicas de alta qualidade. Segundo Rodrigo Jorge, “a sociedade representa um ponto de encontro para os maiores especialistas em retinologia do mundo, permitindo colaborações que impactam diretamente o avanço da oftalmologia”.

Com uma carreira de 26 anos dedicada à FMRP e ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), Rodrigo Jorge acumula experiências em ensino, pesquisa e extensão. “No ensino, formei cerca de 90 especialistas em retina, vítreo e oncologia ocular. Ver esses profissionais contribuindo para a oftalmologia é algo muito gratificante”, destaca.

Na pesquisa, seu trabalho é marcado por pioneirismos. Ele liderou o primeiro estudo no Brasil sobre o uso de drogas anti-VEGF para retinopatia diabética. Também conduziu pesquisas com implantes de liberação lenta, incluindo antibóticos para toxoplasmose e acetazolamida para edema macular pós-cirurgia de catarata. Em parceria com outras áreas da instituição, o docente desenvolveu uma abordagem inédita para tratar melanomas de coroide, combinando quimioterapia intra-arterial e terapia radioativa com placas de rutênio. “Esses avanços foram possíveis graças ao caráter multidisciplinar da nossa instituição, que possibilita colaborações únicas”, ressalta.

Impacto na extensão universitária

Além de seu papel acadêmico, o docente tem contribuído diretamente para ampliar o acesso da população a tratamentos especializados. Ele liderou a estruturação do Serviço de Retina, que atende uma região de 4 milhões de habitantes e realiza cerca de 100 cirurgias por mês, sendo o setor com maior volume de cirurgias do HCFMRP. “Estruturar um serviço que pode reverter casos de cegueira em pacientes carentes é algo extremamente gratificante e relevante”, afirma.

Em 2015, após um período de especialização em oncologia ocular no Wills Eye Hospital, nos Estados Unidos, Rodrigo Jorge implementou o Setor de Oncologia Ocular na FMRP. O setor, desde então, vem se destacando como referência no tratamento de retinoblastomas e melanomas de coroide. “Com o apoio do Projeto PRONON do Ministério da Saúde em 2017, conseguimos recursos para adquirir equipamentos que permitem oferecer tratamentos de alta qualidade pelo SUS. Desde 2021, realizamos cerca de 260 procedimentos de braquiterapia ocular, tornando-nos o maior centro do país nesse tipo de tratamento”, relata o professor.

Para o docente, sua aceitação na Macula Society é uma oportunidade não apenas pessoal, mas também coletiva, ao trazer maior visibilidade à oftalmologia brasileira. “Acredito que essa conquista pode servir de estímulo para jovens oftalmologistas investirem na carreira acadêmica e se dedicarem ao ensino, à pesquisa e à extensão, que são as bases valorizadas pela Macula Society”, pontua.

O professor também destaca o impacto da participação nas reuniões anuais da sociedade. “Esses encontros permitem a troca de experiências com especialistas de renome e a oportunidade de testar novas ideias e apresentá-las a um público altamente qualificado. Em fevereiro de 2025, por exemplo, irei apresentar uma técnica para o tratamento do buraco macular idiopático”, antecipa.

A entrada de Rodrigo Jorge na Macula Society reafirma o papel de destaque que a oftalmologia brasileira tem conquistado no cenário internacional. Sua trajetória exemplifica como ensino, pesquisa e extensão podem se combinar para gerar impacto positivo, tanto na comunidade acadêmica quanto na população. Mais do que um reconhecimento pessoal, sua conquista abre caminhos para que outros profissionais brasileiros trilhem a mesma jornada de excelência e inovação.