Novo laboratório é pioneiro, sendo o primeiro laboratório internacional do CNRS dedicado à imunologia fora da França
Com a presença de pesquisadores e autoridades, representantes da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da a França (CNRS) acabam de inaugurar o Laboratório Internacional de Pesquisa em Saúde (IRL) A cerimônia, dia 29 último, marca uma parceria de 15 anos entre as instituições. O laboratório, que já está em operação desde janeiro, é dedicado à pesquisa em imunologia, inflamação, alergias e dor, áreas consideradas estratégicas para a inovação científica e tecnológica.
A inauguração do IRL simboliza um marco na colaboração científica entre o Brasil e a França. Nicolas Riteau, representante do CNRS, destacou que o laboratório é uma ponte entre as nações e um exemplo de como parcerias bem estruturadas podem beneficiar a ciência. “O Brasil é nosso principal colaborador na América do Sul, e a USP é a universidade brasileira mais conectada com o CNRS. Este laboratório reflete não apenas a cooperação científica, mas também o desejo de unir talentos e ideias para enfrentar desafios globais”, afirmou.
O professor José Carlos Farias Alves-Filho, do Departamento de Farmacologia da FMRP, destacou que o novo laboratório terá como foco estudos em ciências biológicas, abrangendo doenças inflamatórias de origem infecciosa, autoimune e metabólica, além de temas relacionados à imunologia do câncer. “Nosso objetivo é investigar diferentes aspectos da fisiopatologia dessas doenças inflamatórias”, explicou.
Segundo Alves-Filho, a instalação do IRL amplia a capacidade de internacionalização da FMRP, facilitando a vinda de pesquisadores franceses para colaborar no laboratório e promovendo intercâmbios entre docentes, pesquisadores e estudantes. “Essa flexibilização é um passo importante para fortalecer a troca de conhecimento entre as equipes”, avaliou.
Ele também explicou que o laboratório faz parte de uma iniciativa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), voltada à criação de unidades de pesquisa avançada em instituições estrangeiras para desenvolver projetos em áreas específicas. O IRL na FMRP é pioneiro, sendo o primeiro laboratório internacional do CNRS dedicado à imunologia fora da França.
Impactos iniciais
Embora recente, o laboratório já tem colhido resultados expressivos. A primeira defesa de doutorado vinculada ao IRL ocorreu esse ano, além de intercâmbios acadêmicos entre Brasil e França e a realização de workshops científicos que aproximaram ainda mais as equipes de pesquisa. Desde o início da parceria, mais de 50 artigos científicos foram publicados conjuntamente, refletindo a produtividade da colaboração.
Sylvie Guerder, diretora científica adjunta de Biologia do CNRS, destacou a importância do Brasil como parceiro estratégico. “Esta parceria é um exemplo de como a cooperação internacional pode ampliar os horizontes da ciência. O Brasil, com sua diversidade e capacidade científica, tem sido um pilar para o avanço de nossas pesquisas em imunologia”, afirmou.
Para André le Bivic, diretor de Biologia do CNRS, o IRL também representa uma oportunidade para fortalecer redes globais de pesquisa. “Estamos criando uma base sólida que possibilitará a integração do laboratório com outras iniciativas do CNRS, aumentando o impacto de nossos estudos e ampliando nossas colaborações”, disse.
Ferramenta de conexão global
Durante a cerimônia de inauguração, autoridades e cientistas enfatizaram o papel da ciência como ferramenta para construir pontes entre países e resolver problemas de escala global. Marion Magnan, adida científica do Consulado da França em São Paulo, ressaltou o significado histórico da colaboração. “Este laboratório não é apenas um espaço físico, mas um símbolo da longa história de cooperação entre nossos países. Ele reflete o esforço conjunto para promover avanços científicos que beneficiem a sociedade como um todo”, declarou.
Marion também destacou a importância do projeto para jovens pesquisadores, que terão a oportunidade de se desenvolver em um ambiente internacional e interdisciplinar. “Este laboratório oferece um espaço seguro e promissor para as novas gerações de cientistas, incentivando a criatividade e a inovação”, acrescentou.
O presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago, reiterou o compromisso da fundação com o financiamento de iniciativas de longo prazo voltadas para a ciência e a tecnologia. “São Paulo lidera a produção científica e a inovação no Brasil, e projetos como este reforçam nossa posição como um polo estratégico de pesquisa. A parceria com o CNRS é um exemplo do que podemos alcançar ao unir esforços”, afirmou.
Perspectivas futuras
O novo laboratório no campus da USP em Ribeirão Preto contará com um prédio de três andares e 5 mil metros quadrados de área construída, com espaço para acomodar até 25 pesquisadores. Sua infraestrutura incluirá laboratórios de ponta e áreas compartilhadas que promovem a colaboração entre cientistas brasileiros e franceses.
O diretor da FMRP, Jorge Elias Junior, ressaltou o impacto dessa nova instalação no desenvolvimento científico da instituição. “Estamos ampliando nossa capacidade de pesquisa com infraestrutura moderna e direcionada para a interdisciplinaridade. Esse laboratório reforça nosso compromisso com a ciência de alta qualidade e com a formação de novas gerações de cientistas”, comentou.
Com um mandato inicial de cinco anos, o IRL tem como objetivo consolidar-se como referência global até 2028. Entre as metas estabelecidas estão a expansão da equipe acadêmica, o aumento do número de intercâmbios e a ampliação das colaborações com outros laboratórios internacionais.
Riteau destacou o planejamento para os próximos anos. “Estamos comprometidos em ampliar nossas iniciativas, trazendo novos pós-doutorandos e estudantes de doutorado, além de fortalecer as conexões com outras redes de pesquisa. Nossa ambição é fazer deste laboratório um centro de excelência global”.
Para Elias Junior, a colaboração com o CNRS reflete a missão da FMRP em promover ciência de impacto. “Estamos apenas no início de uma nova etapa, mas confiantes de que esta parceria trará benefícios significativos para a saúde e para a formação de cientistas no Brasil e na França”, concluiu.