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Alunos da FMRP apresentaram trabalhos científicos e participaram de palestras e mesas-redonda durante o Congresso Paulista de Medicina da Família e Comunidade - Foto: encaminhada pelos participantes

Alunos da FMRP palestram em Congresso de Medicina de Família e Comunidade

Evento destacou a formação médica integrada e o impacto de temas como mudanças climáticas, práticas integrativas e o trabalho com populações vulneráveis no SUS

O Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) marcou presença no Congresso Paulista de Medicina de Família e Comunidade, realizado em Araraquara–SP, entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro. Ao todo, 12 estudantes de Medicina da FMRP, participaram de uma série de atividades que envolveram apresentações científicas, palestras, mesas-redondas e oficinas. A atuação dos alunos destacou a formação médica integrada e o impacto de temas como mudanças climáticas, práticas integrativas e o trabalho com populações vulneráveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Os estudantes, vinculados a diferentes projetos e iniciativas acadêmicas, apresentaram trabalhos científicos e participaram de atividades que promoveram discussões sobre desafios e oportunidades na educação médica e no atendimento em saúde pública. Entre os temas discutidos, destacaram-se a gestão em saúde, a inserção das práticas integrativas no SUS, a educação para o cuidado com populações negligenciadas e os impactos das mudanças climáticas na saúde comunitária.

A educação médica na formação integral

Para Gustavo Rossetti Zottelli, estudante do quarto ano de Medicina da FMRP e um dos participantes, o congresso foi uma oportunidade de refletir sobre como a gestão em Medicina de Família e Comunidade pode ser integrada à formação acadêmica. “Infelizmente, os estudantes de Medicina têm pouco contato com a gestão em saúde durante a graduação. Isso se deve ao extenso conteúdo que precisa ser abordado nos seis anos de curso”, avaliou.

Durante o evento, Zottelli participou da palestra que discutiu como os estudantes podem se interessar pela gestão desde o início da carreira acadêmica. Ele destacou que experiências em ligas acadêmicas, centros acadêmicos e outros movimentos estudantis são caminhos importantes para desenvolver competências nessa área.

Um exemplo apresentado pelo estudante foram a inclusão de horários livres, chamado de “horários verdes”, para promover a saúde mental dos estudantes, a ampliação do período de funcionamento da biblioteca e redução da carga horária do curso, mantendo a qualidade do ensino. Ideias que forma pensadas por alunos Centro Acadêmico Rocha Lima, do qual Zottelli foi vice-presidente há dois anos.

Além disso, Zottelli reforçou a importância da gestão para a saúde pública, destacando seu impacto no equilíbrio das desigualdades e na organização do SUS. “Embora o atendimento individual seja importante, é por meio da gestão que ampliamos nosso alcance, beneficiando bairros, cidades e até o país”, concluiu.

Populações negligenciadas no centro das discussões

A mesa-redonda sobre populações negligenciadas foi outro destaque do evento. Sob o tema “Da Margem ao Centro”, os estudantes discutiram o papel da educação médica na formação de profissionais preparados para lidar com grupos em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, refugiados, migrantes e usuários de substâncias.

Cely Carolyne Pontes Morcerf, doutoranda em Saúde Pública, sob orientação do professor João Mazzoncini de Azevedo Marques, e uma das palestrantes, explicou que o objetivo era mostrar como o trabalho com essas populações contribui para a humanização e a integralidade no cuidado. “Essa mesa destacou experiências acadêmicas e práticas que mostram a relevância de olhar para essas populações com empatia e compromisso social”, afirmou.

Segundo Cely, o evento também abordou temas como saúde prisional, uso de álcool e drogas e violência contra mulheres, sempre enfatizando a importância de políticas públicas que promovam equidade e acesso. “A interseção entre universidade, participação social e ecossistema esteve presente em todas as discussões, reforçando o papel transformador da educação médica”, completou.

Mudanças climáticas e o impacto na saúde comunitária

Também houve espaço para discutir as mudanças climáticas, por meio da metodologia World Café para criar um produto estratégico voltado ao enfrentamento dos impactos climáticos nas unidades de saúde. Segundo Cely, a atividade abordou questões relacionadas a queimadas, poluição e a vulnerabilidade de populações específicas em Ribeirão Preto.

“Dividimos o congresso em grupos de discussão que trabalharam em níveis macro, meso e micro, explorando como as unidades de saúde podem lidar com mudanças climáticas de forma mais eficaz”, detalhou Cely. A oficina resultou em propostas práticas para o manejo de emergências climáticas e a criação de protocolos que priorizem populações negligenciadas.

Práticas integrativas e complementares no SUS

As práticas integrativas e complementares (PICs) também estiveram em debate. Na mesa-redonda sobre Medicina Tradicional Chinesa, os estudantes discutiram temas como meditação, fitoterapia, acupuntura e auriculoterapia. A Dra. Evani Helena Coelho de Azevedo Marques, psiquiatra e palestrante convidada, abordou a visão da Medicina Chinesa sobre saúde integral.

Os estudantes trouxeram ainda um caso real de uma unidade de saúde da família que implementou práticas integrativas no manejo de condições multimórbidas e dores crônicas. “Foi uma oportunidade de refletir sobre as lacunas na educação médica e o potencial das PICs para ampliar o cuidado no SUS”, afirmou Cely.

Trabalhos científicos e gestão em saúde

Além das mesas-redondas e oficinas, os estudantes apresentaram seis trabalhos científicos que abordaram desde experiências com a disciplina de atenção à saúde na comunidade até iniciativas de gestão no contexto universitário. Entre os trabalhos apresentados, o Escritório Médico para Gestão em Saúde, coordenado pelo Professor João Marques, ganhou destaque por utilizar o Diagrama de Ishikawa para identificar e propor soluções para lacunas organizacionais no sistema de saúde.

“Essa atividade mostrou como a gestão, quando bem articulada, pode promover mudanças no ensino, na pesquisa e na extensão”, destacou Zottelli. Ele reforçou que a formação em gestão prepara os estudantes para liderar transformações na saúde pública, contribuindo para a organização de programas que impactam positivamente a sociedade.