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A residente Cely Morcerf e a professora Luciane Loures dos Santos, vice-coordenadora do programa de residência de Medicina de Família e Comunidade do HCFMRP-USP

Com orientação de docentes da FMRP, Residência em Medicina de Família e Comunidade do HC se destaca com premiações

Com projetos inovadores, o programa recebeu prêmios e menções honrosas ao longo do ano; conheça algumas das iniciativas

Foi com atividades que promovem o bem-estar social, trabalhando o lúdico, a criatividade e a imaginação, que o programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (HCFMRP-USP) se destacou, ao longo de 2023, em premiações nacionais, além de participações internacionais.

Durante as aulas, os alunos são provocados a encontrar maneiras diferentes de trabalhar, com o objetivo de atingir todos os públicos. A arte e a cultura se tornam importantes aliados neste momento. Prova disso é a poesia “Respirar, SUS-pirar”, escrita por Cely Morcef, aluna de mestrado na FMRP e residente do último ano de MFC/HCFMRP-USP, que foi premiada no Todos dos Sentidos da Pós, evento realizado na reitoria da Universidade de São Paulo.

O trabalho, que começa de forma impactante – “Levanta, SUS! É hora de acordar!” –, fala sobre os desafios do trabalho médico no Sistema Único de Saúde durante a pandemia de COVID-19 e simboliza a reconstrução e retomada das atividades presenciais, culturais, artísticas e científicas de forma coletiva e sem distanciamentos.

Cely Morcerf e Prof. Ricardo Heinzelmann | Foto: Arquivo Pessoal

A MFC/HCFMRP-USP também foi premiada entre os melhores trabalhos científico em apresentação oral no Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, com um trabalho construído por Cely em parceria com a equipe de Cuidados Paliativos do Hospital Estadual Américo Brasiliense: um campo de estágio da residência MFC, com um olhar humanizado e multiprofissional.

“A premiação mostra a potência de nossos campos de estágio e como a MFC, em conjunto com outras especialidades clínicas e o suporte da equipe multiprofissional, enriquece os ambulatórios de especialidades e as enfermarias clínicas de cuidados paliativos, visto a formação integral e centrada na pessoa. Também faz parte da especialidade MFC o destaque ao impacto das dinâmicas familiares nos cuidados e tratamento do paciente”, destaca Cely.

Os trabalhos “Utilização da matriz SWOT para análise da metodologia roda de conversas em debates teóricos da Medicina de Família e Comunidade”, que apresenta nova metodologia ativa e nas temáticas de Medicina Tradicional Chinesa e de Saúde Humanitária, e “O Olhar da Medicina de Família e Comunidade para o Meio Ambiente: Reflexões Biopsicossociais sobre Sustentabilidade”, que abriu um debate sobre a Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, também foram premiados.

“É muito importante a participação dos nossos residentes em eventos assim. Eles mostram, efetivamente, qual é o trabalho – muitas vezes inovador – que estão realizando. Isso permite divulgar como a MFC na residência pode agregar com ferramentas inovadoras e como isso pode ser reconhecido pela rede de saúde e seus usuários”, destacou o professor João Mazzoncini de Azevedo Marques, coordenador do programa ao lado da professora Luciane Loures dos Santos, ambos da FMRP.

Professor João Marques, coordenador do programa de residência em MFC do HCFMRP-USP, Cely Morcerf e Catarina Aguiar

Projetos inovadores

Os conhecidos “Doutores da Alegria”, palhaços voluntários que visitam hospitais e casas de repouso, já são quase que uma tradição no Brasil e no mundo. Então, que tal levar isso para sala de aula? Foi o que propôs Cely em seu trabalho “O Uso do Clown como Ferramenta Pedagógica em Saúde na Escola: Desconstruindo Estereótipos no Debate sobre o Bullying com o auxílio da Palhaçaria”, que foi premiado na XIII EXPOSAÚDE, da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto

O objetivo do projeto era a implementação de uma nova metodologia de ensino lúdica, interativa e reflexiva, para a formação de grupos com crianças no ambiente escolar, abordando a saúde mental infantil e os desafios de enfrentamento do bullying, promovendo uma discussão crítica e utilizando a linguagem da população alvo. Tendo como foco a oficina de criação de um personagem cômico e, posteriormente, um teatro educativo com base em erros e comportamentos bizarros do palhaço, o projeto abre espaços de debate e momentos de identificação da problemática do bullying escolar, assim como montagem coletiva pelas crianças de formas de enfrentamento, prevenção e proteção desta prática.

Equipe do núcleo de saúde da família 6 na apresentação dos trabalhos da Exposaúde | Foto: Arquivo Pessoal

Um dos pontos chave do projeto é a apresentação da personagem Dra. Socorrindo, uma artista de um circo imaginário, que usa da palhaçaria para encenar a história de sua vida, de como ela foi a única em sua cidade que nasceu com um nariz vermelho e uma voz peculiar. “As crianças imediatamente reconhecem e falam que ter uma característica diferente do padrão de normalidade seria motivo para sofrer bullying na escola e preconceito na comunidade”, explica Cely.

A personagem, então, abre um debate junto às crianças e aos outros palhaços sobre repercussões do bullying na saúde mental, estratégias de enfrentamento e sobre a importância das diferenças. Dra. Socorrindo conta para os pequenos que todo o bullying que sofreu não a atingiu, pois ela fez da sua força de vontade uma forma de usar a única diferença que tinha para passar na seleção de artistas de circo mais disputadas do mundo, usando suas diferenças para trilhar seu próprio caminho.

“Ao final, as crianças refletem como ela chegou em um caminho único por ser diferente do padrão de normalidade, o que a levou ao sucesso e juntos sugerem estratégias de combate ao bullying, assim como refletem sobre o impacto dos próprios comportamentos em sala de aula e na comunidade”, complementa.

Mais premiações

O trabalho “Burnout em residentes de saúde da família: um estudo longitudinal”, de autoria de Luciano de Paula Loyola Netto, médico e preceptor da Residência em MFC do HCFMRP-USP, ficou entre as três melhores produções científicas pela Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. O estudo acompanhou os residentes em MFC e da residência multiprofissional que atuam na Atenção Primária durante dois anos, com o objetivo de analisar o processo de Burnout durante a residência, avaliando outras variáveis que podem influenciar e fazendo avaliações periódicas para saber se existem alguns momentos na residência em que ocorre mais agudização dessa síndrome.

“O papel da pesquisa na construção do trabalho foi muito importante. Hoje sou preceptor em uma unidade também vinculada a residência em que fiz esse estudo. É muito significativo, porque através dessa pesquisa eu consigo perceber os momentos em que os residentes possuem maior taxa de Burnout e trabalhar previamente com eles, pensando em mecanismos de defesa e estratégias coletivas junto a coordenação, para evitar que surjam agudização em relação a isso e evitar outras consequências”, explica Netto.

Luciano de Paula Loyola Netto | Foto: Arquivo Pessoal