Evento aconteceu nos dias 10 e 11 de outubro, em formato on-line e presencial
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP recebeu, nos dias 10 e 11 de outubro, o I Simpósio Saúde da População LGBTQIAN+: Atenção Primária. O evento, realizado pela Liga Acadêmica de Gênero, Saúde e Sexualidade (Lagssex) da FMRP e a Residência de Medicina de Família do Hospital das Clínicas (HCFMRP-USP), reuniu mais de 600 pessoas nas modalidades on-line e presencial.
“A urgência pela realização do simpósio apareceu há muito tempo, através de nossas vivências, relatos de colegas e até pela imensa procura em inscrições para o evento, que reverberou em diversas esferas da comunidade e conseguiu alcançar uma pluralidade de pessoas, fazendo um convite a pensar e levando conhecimento excepcional sobre os diversos assuntos abordados”, explica Isabela Soares Penteado, presidente da Lagssex. “Nossa realidade na sociedade urge por melhorias e é gratificante ver e proporcionar meios para que pessoas engajem e adquiram o conhecimento necessário para que isso ocorra”, complementa.

Para Cely Carolyne Pontes Morcerf, Médica Residente do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade do HCFMRP-USP, “a organização desse primeiro simpósio mostrou a importância do estreitamento de laços da Medicina de Família e Comunidade com as pautas em debate da Lagssex”. Segundo ela, discussões sobre o cuidado integral e empático, o olhar para as influências dos determinantes sociais em saúde, das dinâmicas familiares e de pressões sociais e comunitárias na expressão da saúde da população LGBTQIAN+ se mostraram importantes e foram alvo de problematizações. “A diversidade foi exaltada e, com ela, a importância do acolhimento e de uma abordagem em saúde de qualidade.”
A importância do debate
O evento apresentou uma série de palestras sobre a saúde da população LGBTQIAN+, “um tema urgente e que deve ser debatido, discutido e trabalhado para que a comunidade tenha atendimentos respeitosos e que atendam suas necessidades”, como afirma Gabriela Grecco, ativista, vice-presidente da Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual (CMADS), membro da Aliança Nacional LGBTIA+ e da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas. “O simpósio foi uma experiência única e valiosa”, destaca Gabriela.

“A liberdade para desenvolver e expressar a nossa identidade é um direito e, para isso, os profissionais precisam estar capacitados ao cuidado dessa população, garantindo um atendimento humanizado e desprovido de práticas retrógradas e violentas”, diz Ketrin Cristina da Silva, aluna do curso de Medicina da FMRP. “Pude aprender quantos direitos são negados à população LGBTQIA+ e o quanto precisamos avançar”, comenta a participante, que destacou as palestras sobre espectro cinza da sexualidade (como acolher as pessoas assexuais), pausa no processo de puberdade até que adolescentes transsexuais atinjam a idade adequada para transacionarem, e reprodução assistida.
“É bom ver que cada vez mais a Medicina de Família e Comunidade está articulando relações com outros espaços de discussões para a ampliação de redes, fazendo o macro funcionar. Essa área é especializada em gente, considera a importância da identidade, da diversidade e considera a pessoa como um todo. Temos que ampliar o conhecimento principalmente sobre a população LGBTQIAP+, falar sobre temas em que muitas vezes a sociedade fecha os olhos”, diz Daiene Paes Kassama, Médica de Família e Comunidade formada pelo HCFMRP-USP e apoiadora do evento.