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Estudo da FMRP aponta a possibilidade de interação segura para humanos entre substâncias psicoativas

O estudo é uma parceria entre o Laboratório de Estudos com Alucinógenos Psicodélicos em Saúde Mental (LEAPS) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina (INCT-TM)

Pesquisadores do Laboratório de Estudos com Alucinógenos Psicodélicos em Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (LEAPS-FMRP) da USP, em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina (INCT-TM), publicaram ensaio clínico investigando a interação entre duas substâncias psicoativas, a ayahuasca e o canabidiol, sobre a cognição social de voluntários saudáveis. O resultado foi positivo e inédito, destaca o professor Rafael Guimarães dos Santos, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP, responsável pelo estudo.

“O que nós encontramos, principalmente, é que é seguro administrar as duas substâncias juntas, algo que ninguém nunca tinha feito, é uma novidade do ponto de vista da farmacologia”, celebra o especialista. “Por outro lado, não encontramos grandes diferenças nas outras variáveis. Não amplificou as coisas positivas, mas também não aumentou as negativas, e isso é bom. O achado principal é a possibilidade de fazer a combinação dessas duas substâncias em seres humanos”, complementou.

Rafael Guimarães dos Santos

O canabidiol, aprovado como medicamento para redução de crises convulsivas, tem sido investigado para verificação de propriedades terapêuticas no tratamento de diversas condições psiquiátricas. Já a ayahuasca, um chá utilizado por populações tradicionais da Amazônia, vem sendo investigada pelo mesmo grupo como tratamento para transtornos psiquiátricos, como a depressão e o alcoolismo.

“Um dos efeitos do Ayuhasca é induzir a náusea, o vômito, enquanto o Canabidiol tem o efeito contrário. Então, será que se a gente administrar os dois juntos, pode diminuir a náusea, por exemplo? E na questão da cognição social, de como as pessoas entendem as emoções, como elas empatizam? Nós queríamos saber se as coisas negativas poderiam ser melhoradas e, as positivas, ampliadas”, explica.

Para o professor, este ensaio “abre portas para possíveis estudos em populações clínicas. Com amostras maiores, podemos encontrar o que estávamos buscando, mas só a segurança da combinação dos dois compostos, para nós, já é um dado bem relevante. Nem sempre, na farmacologia, você faz a pergunta buscando o uso clínico.”

O trabalho publicado na revista “Journal of Clinical Psychopharmacology” e intitulado “Interactive Effects of Ayahuasca and Cannabidiol in Social Cognition in Healthy Volunteers A Pilot, Proof-of-Concept, Feasibility, Randomized-Controlled Trial” pode ser conferido aqui.