Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP identificaram possível biomarcador para diferenciar a pneumonia intersticial fibrosante microaspiração-induzida das outras doenças pulmonares intersticiais, que são diferentes distúrbios que causam cicatrizes no tecido do pulmão. Os resultados estão no trabalho Densidade das células dentríticas Manose+ e TLR9+ difencia a pneumonite intersticial fibrosante microaspiração-induzida, que recebeu o prêmio de melhor pôster durante o Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia em outubro de 2022.
Os pesquisadores contaram com amostras de biópsia pulmonar de pacientes com doenças pulmonares intersticiais internados no Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP). “Nosso grupo fez análises dos fragmentos, realizando o imuno-histoquímica que é um exame para detecção de antígenos e identificação de células. Nós fizemos as análises de cinco características físicas, morfológicas e comportamentais (fenótipos) de células dendríticas e depois correlacionamos os achados com diversos dados clínicos dos pacientes”, explica Mateus Magalhães Lage Moraes, estudante de Medicina da FMRP e um dos autores do estudo.
As células dentríticas integram o sistema imunológico do corpo humano e podem ser encontradas no sistema respiratório e digestivo. Entre as funcionalidades das células está a identificação de antígenos, que são proteínas de vírus, bactérias e outros agentes infecciosos.
Os resultados são promissores para o prognóstico das doenças pulmonares intersticiais. “Identificamos a presença de vários tipos de células dendríticas nas doenças pulmonares intersticiais com impacto na sobrevida. Ou seja, algumas células, quando expressas, mostram relação com a sobrevida e podem ser usadas como biomarcadores prognóstico no futuro”, completa o professor Alexandre Todorovic Fabro da FMRP e coordenador do estudo.
Os pesquisadores explicam que o trabalho integra diversos outros estudos que buscam ampliar o entendimento do papel das células dendríticas na apresentação antigênica e modulação da resposta nos casos de microaspiração. “Os achados podem contribuir no futuro com o diagnóstico, que é bastante difícil e envolve uma equipe multidisciplinar. Com um diagnóstico preciso, os pacientes poderão ter tratamentos mais adequados favorecendo tanto a vida do paciente como do sistema de saúde”, afirma o docente.
Além do professor Alexandre e do estudante Mateus, o trabalho conta com autoria de Sabrina Setembre Batah, Wagner Modena Telini, Andrea de Cássia Vernier Antunes Cetlin, Marcelo Bezerra de Menezes, Frederico Enrique Garcia Cipriano, Danilo Tadao Wada, Tales Rubens de Nadai, Marcel Koenigkam Santos e Vela Luiza Capelozzi.
“Nosso grupo de estudo é formado por patologistas, radiologistas, cirurgiões torácicos, pneumologistas que colocam Ribeirão Preto no mapa da pneumologia brasileira como um polo de desenvolvimento técnico-científico e de formação”, finaliza.