Para avaliar o uso de tecnologias de informação na educação em saúde da mulher, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, do Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto (MATER) e da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo vão produzir e disponibilizar vídeos curtos no aplicativo de mensagens WhatsApp para gestantes em Ribeirão Preto. Este projeto conta com o financiamento proveniente de emenda parlamentar disponibilizada pela deputada estadual Marina Helou, que no mês de abril fez uma visita à MATER.

O projeto é coordenado pelas professoras e pesquisadoras Carolina Sales Vieira Macedo e Elaine Christine Dantas Moisés. O grupo de pesquisa é formado por Cibele Santini de Oliveira Imakawa (pós-graduanda da FMRP-USP), Daniel Heringer (graduando do curso de Medicina da FMRP-USP), Dra Ana Carolina Tagliatti Zani (MATER), Dr Caio Antonio de Campos Prado (MATER) e Ivan Daniel Terra (MATER). Já pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, participam da equipe de pesquisa Adriana Dias, Janaína Aparecida Tintori, Marisa Ferreira da Silva Lima e Suzete dos Santos Alves.
De acordo com os cientistas, os estudos são pioneiros no estado de São Paulo e possuem duas vertentes de análise, sendo a primeira o impacto da informação adequada sobre os eventos envolvidos e os melhores cuidados durante o trabalho de parto e parto na escala de medo do parto natural. Já a segunda envolve o impacto da informação adequada sobre a colocação do DIU de cobre logo após o parto na escolha desse método.
As participantes serão gestantes que fazem pré-natal no ambulatório da MATER e que estarão no terceiro trimestre da gravidez. “Cada voluntária participará de apenas um dos estudos, ou seja, a gestante que aceitar ser voluntária vai ser selecionada para uma das duas vertentes (medo do parto natural ou inserção de DIU de cobre no pós-parto imediato”, explica a professora Carolina Sales Vieira Macedo da FMRP-USP e uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. As voluntárias serão ainda separadas de forma aleatória em dois grupos em cada uma vertentes, sendo um deles de controle com mulheres que receberão os cuidados pré-natais de rotina e o outro de intervenção, que além dos cuidados pré-natais de rotina, receberão um ou dois vídeos curtos informativos via Whatsapp por semana, por no máximo quatro semanas.
A previsão é de divulgar os resultados no prazo de um ano e meio, período para produção, seleção das voluntárias, coleta e análise de dados, revisão da literatura científica e relatório final. “Se os resultados forem satisfatórios, a intervenção proposta neste projeto poderá ser expandida para outros serviços de saúde. Além disto, abrirá uma importante perspectiva da utilização dessa ferramenta em outras linhas de cuidado. Em última análise, espera-se que essa ferramenta possa auxiliar a paciente a ter acesso a informações de qualidade para tomar decisões sobre sua saúde”, conta.
Medo do parto
“Aproximadamente 80% das gestantes de risco habitual (aquelas que não apresentam riscos maternos e perinatais aumentados) apresentam medos e preocupações relacionados à gravidez e ao parto”, explica a professora Elaine Christine Dantas Moisés da FMRP-USP e uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo.
Os vídeos que serão encaminhados às gestantes participantes do estudo possuem temáticas que envolvem os processos fisiológicos envolvidos no parto natural e sobre as práticas humanizadas de assistência durante a gestação, trabalho de parto e parto. Durante todo estudo, as mulheres responderão questionários de monitoramento da escala de medo do parto, tipo de parto desejado, conhecimento sobre plano de parto, contentamento em relação aos vídeos e satisfação com o serviço recebido na MATER.
“Esperamos demonstrar que o acesso facilitado das mulheres a informações e orientações baseadas em evidências científicas, a respeito do processo de parturição, reduz efetivamente a prevalência de medo de parto na população e de desejo de realização de parto cesariana sem indicação obstétrica. Por outro lado, essa estratégia é capaz de aumentar o conhecimento e adesão das gestantes ao plano de parto, como também a satisfação em relação ao serviço assistencial prestado”, explica.
Contracepção pós-parto imediato com DIU de cobre
Assim como no estudo sobre o medo do parto, as gestantes vão receber vídeos curtos, semanalmente, pelo período de quatro semanas com temáticas sobre vantagens, segurança e eficácia do procedimento de inserção de DIU de cobre no pós-parto imediato.
“As mulheres devem ser adequadamente instrumentalizadas para serem capazes de escolher quando e se desejam usar anticoncepcionais, além de terem acesso imediato ao método escolhido. Esperamos demonstrar que a facilidade de informação e orientação baseada em evidências científicas pode aumentar a adesão das parturientes ao método do DIU de cobre”, explica a professora Carolina.
Os resultados serão avaliados pela taxa de inserção de DIU pós-parto, taxa de comparecimento na consulta puerperal de avaliação do DIU inserido durante o parto, satisfação em relação aos vídeos recebidos e o conhecimento sobre o DIU de cobre e a inserção no pós-parto imediato.
Mais informações: cuids@mater.faepa.br