Publicações fazem parte de um projeto desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto no Programa USP Municípios com apoio do Conselho Municipal do Idoso da cidade
As denúncias de violência contra pessoa idosa estão em crescimento no Brasil. É o que revela dados do canal de atendimento Disque 100 que registrou 48,5 mil casos em 2019 e 77,18 mil em 2020. Ou seja, houve um aumento de 53% no ano em que as famílias precisaram fazer isolamento social durante a pandemia de covid-19.
Com o objetivo de levantar dados e criar estratégias de enfrentamento, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP criaram uma série de materiais digitais como infográficos (clique aqui para acessar) e vídeos de animação para orientar sobre a violência contra a pessoa idosa. “A longevidade requer o reconhecimento da importância do idoso para a sociedade. Enfrentar e combater a violência perpassa uma mudança de cultura. Por isso conscientizar e construir uma cultura de valorização, de respeito e de não discriminação é tão importante para o presente e futuro das gerações”, afirma Carla da Silva Santana Castro, docente do Departamento de Ciências da Saúde da Unidade.
De acordo com o Estatuto do Idoso, a violência cometida contra o idoso é crime e pode ser caracterizada por agressões físicas e psicológicas, por negligência, por abandono, por abuso sexual, financeiro, entre outras. “O enfrentamento da violência começa com a conscientização e sensibilização e os materiais gráficos como os infográficos e os vídeos buscam orientar e educar em relação ao que é, tipos e como denunciar casos de violação dos direitos humanos contra a pessoa idosa”, explica Corina dos Reis Sepeda, graduanda da FMRP.
Dessa forma, os pesquisadores realizaram um levantamento na literatura científica e em banco de dados nacionais e internacionais para caracterizar os crimes contra idosos. Conheça 6 deles:
- Física: caracterizada por qualquer agressão, com ou sem sinais físicos, que envolva: beslicar, bater, empurrar e até espancar.
- Psicológica: caracterizada por ações verbais que envolvem menosprezar, ameaçar, afastar, depreciar ou humilhar.
- Negligência: caracterizada pela omissão de cuidado que afete o bem-estar físico e emocional.
- Abandono: caracterizada pela ausência total de cuidado que afete o bem-estar físico e emocional.
- Institucional: caracterizada quando profissionais de instituições públicas ou privadas de saúde ou de acolhimento não cumprem com os cuidados adequados, como: alimentação, medicamentos, recusa de atendimento, fazê-los esperar para atendê-los quando é desnecessário, ou ainda agressão física ou verbal, entre outros.
- Abuso financeiro: caracterizada pela exploração dos recursos financeiros que podem levar prejuízos para o bem-estar físico e emocional.
- Patrimonial: caracterizada pelo comprometimento ilícito do patrimônio do idoso, como: falsificação de documentos, alteração de testamento, procuração, antecipação de herança, venda de bens e imóveis, entre outras.
- Abuso sexual: caracterizada pela violência sexual ao toque, beijo, penetração sem consentimento.
Além dos infográficos e vídeos, o grupo já realizou eventos como cursos, oficinas e workshops para debater as diversas temáticas relacionadas aos direitos do idoso. Outra etapa é a realização de infográficos sobre a violência contra a mulher idosa, nas relações de cuidado, contra a população vulnerável e os caminhos para a denúncia.
“Estamos ainda produzindo vídeos que abordam temáticas como: etarismo, violência nas instituições e inclusão digital como caminho para a cidadania. Esses materiais irão auxiliar as ações de conscientização e sensibilização da população em diferentes faixas etárias, além da criação de um banco de dados e mapeamento de atividades para o público na cidade”, afirma a professora Carla.
A ação, realizada por 5 alunos dos cursos de graduação de Terapia Ocupacional e de Medicina e coordenado pela professora Carla Santana, integra o projeto Direitos Fundamentais Na Construção/Efetivação Das Políticas Públicas: Enfrentamento Da Violação Dos Direitos Humanos Da Pessoa Idosa No Município De Ribeirão Preto do Programa USP Municípios com apoio do Conselho Municipal do Idoso de Ribeirão Preto.